segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Após decadência, esquina da avenida Paulista espera 'filho pródigo'

GIBA BERGAMIN JR.


Alguma coisa acontece no coração de paulistanos nostálgicos, e não é na esquina da Ipiranga com a São João, imortalizada na voz de Caetano.

A reabertura do antigo bar Riviera, no meio do ano, e os planos da prefeitura de transformar o extinto Cine Belas Artes num centro cultural colocaram recentemente foco em outro cruzamento: da avenida Paulista com a rua da Consolação, que vem atravessando um período de decadência desde os anos 1990.

Aquele pedaço nobre da cidade viu, ao longo do tempo, seus principais pontos comerciais se fecharem --um dos mais célebres, o Riviera, fundado em 1950, baixou as portas em 2006.

Agora, a expectativa é de um renascimento. As obras no futuro bar --antigo reduto de intelectuais, artistas e todos os que eram contrários o regime militar durante a ditadura --já começaram.

Pelo espaço passaram cantores como Chico Buarque e Elis Regina, cineastas como José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e cartunistas do naipe de Chico, Paulo Caruso e Angeli --que encontrou, nas mesas do bar, inspiração para criar a personagem Rê Bordosa.

As características da antiga casa serão mantidas no novo Riviera. Um grande balcão vermelho será uma espécie de ponto de encontro. No segundo piso, haverá um espaço para shows de jazz.

Bar Riviera

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Karime Xavier/Folhapress
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Na foto o empresário Facundo Guerra, um dos responsáveis pela reabertura do bar Riviera
MEMÓRIA AFETIVA

O empreendimento é do empresário Facundo Guerra e do chef Alex Atala. Ficará no mesmo lugar onde funcionou em seus 56 anos de existência --ocupará parte do térreo e do mezanino do edifício modernista Anchieta, projetado pelos irmãos cariocas do escritório MMM Roberto.

"Não tenho pretensão de salvar marcos da cidade. Mas acho que [melhorar as condições do entorno] é um efeito colateral positivo do trabalho, como aconteceu com outras casas, como o Vegas, na Augusta, e o Cine Joia, [no centro]", disse Guerra.

O empresário afirma ter relação afetiva com o Riviera, o qual frequentou em seus últimos anos de funcionamento. "Foi um lugar superimportante para o meu pai, que militou. Minha família inteira é de comunistas. Para contar essa história de novo fica muito mais fácil", afirma.

Para o vereador Nabil Bonduki (PT), urbanista e professor da USP, porém, o processo de revitalização depende de um projeto para o Belas Artes.

"O grande o motor daquela região é o Belas Artes. Seu fechamento levou a um afundamento definitivo da região. Não adianta só ter um restaurante, com valet na porta. Precisa mais que isso."

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