sábado, 15 de outubro de 2011

Cine Paissandu reabre em 2012 com palco para shows e nova sala de cinema


Reabertura do cinema Paissandu -  Com Léo Feijó e Rodrigo Pinto. Foto Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
RIO - Fechadas há três anos, as portas do lendário cinema Paissandu finalmente serão reabertas. E, ao contrário do que temiam os moradores da região do Flamengo e os cinéfilos que tiveram seu gosto pela sétima arte talhado naquelas poltronas vermelhas, o prédio fincado no número 35 da Rua Senador Vergueiro não vai ser transformado em supermercado ou igreja evangélica. Rebatizado de Cine Teatro Paissandu, o espaço, declarado patrimônio cultural carioca, será uma plataforma para diversas formas de expressões artísticas. Conviverão ali música e artes cênicas, com direito a bistrô e loja de design. Tudo isso sem deixar morrer a verdadeira vocação do local: a exibição de filmes. A promessa é dos empresários Leo Feijó e Rodrigo Pinto, responsáveis pela revitalização do imóvel, que deve ser inaugurado em sua nova roupagem em julho de 2012. Para explicar suas intenções, a dupla promove, no próximo domingo, um "abraço" simbólico ao imóvel, das 11h às 18h.
- Vamos mostrar o projeto aos moradores, convocar artistas e provocar as empresas do entorno a endossar esta iniciativa. O novo Paissandu pode revitalizar toda aquela área, que passa por um contexto muito favorável - explica Leo Feijó, empresário com 12 anos de experiência na noite carioca e uma das cabeças por trás do Grupo Matriz, apoiador de sua nova empreitada. Após o abraço, Feijó e Pinto pretendem manter uma consulta permanente com a comunidade adjacente. - Queremos a opinião de todos, não vamos ter uma programação voltada apenas para o público jovem.
Quem também terá voz ativa na nova fase é a Companhia Cinematográfica Franco-Brasileira, dona do Paissandu e de outros dez cinemas espalhados pela cidade, incluindo o Arteplex, na Praia de Botafogo, e o redivivo Cine Joia, em Copacabana. Depois de manter o Paissandu por 48 anos, a Franco-Brasileira encerrou as atividades do espaço no fim de agosto de 2008 alegando falta de patrocínio.
- Recebemos muitas propostas, a maioria de supermercados, igrejas e restaurantes, mas sempre fizemos questão de que o lugar fosse voltado para a área cultural, de preferência algo que tivesse relação com o cinema. Como o mercado mudou e manter uma sala nos moldes do Paissandu não é mais viável, acreditamos que a proposta do Leo e do Rodrigo é a mais próxima de nossas expectativas - comemora Claudio Valansi, filho de Maurice Valansi, um dos fundadores do Paissandu original.
Neste novo modelo, o cinema vai ter uma importância menor na sala principal, mas vai continuar muito presente na segunda sala, que vai manter uma programação especial, com destaque para mostras de cinema de arte e filmes nacionais. E, apesar de o Cine Teatro Paissandu ter um perfil mais musical, até o momento temos tido o apoio da comunidade cinéfila da cidade - Leo Feijó, empresário
A partir da reinauguração, a área que abrigava as 360 poltronas de outrora será revertida em um ambiente para shows e espetáculos de teatro e stand-up, além de sediar eventuais mostras de filmes e debates, com 570 assentos removíveis e capacidade para 1.700 pessoas em pé - o que fará do Paissandu o maior palco da Zona Sul enquanto o Canecão, em Botafogo, permanecer fechado. Um mezanino a ser construído receberá uma sala de projeção fixa, com outros cem lugares. Já o "fumoir", traço marcante do velho Paissandu, não poderá ser reativado em função da Lei Estadual que proíbe o fumo em locais fechados. A salinha, porém, será referenciada no projeto arquitetônico, ainda em fase de estudos.
O investimento total estimado para as obras é de R$ 9 milhões. Destes, R$ 1,2 milhão já foram captados na Lei de Incentivo Estadual e os empresários pretendem inscrever outros R$ 4 milhões na Lei Rouanet.
- Neste novo modelo, o cinema vai ter uma importância menor na sala principal, mas vai continuar muito presente na segunda sala, que vai manter uma programação especial, com destaque para mostras de cinema de arte e filmes nacionais. E, apesar de o Cine Teatro Paissandu ter um perfil mais musical, até o momento temos tido o apoio da comunidade cinéfila da cidade. Todos sabem que a gente incentiva o trabalho autoral, o artista independente, o novo, o que é muito positivo - justifica Feijó.


Cine Teatro Paissandu 'alçará voos mais altos' que a Cinematheque
Imagens do projeto de reforma do Cine Paissandu, no Flamengo / Divulgação
Com a extinção de sua Cinematheque Música Contemporânea, em julho do ano passado, Feijó e Pinto buscavam desde então um ponto para instalar uma versão da badalada casa de Botafogo, palco do lançamento de muitos artistas da chamada nova-MPB. Em suas andanças, a dupla se deparou com o Paissandu, que carrega a responsabilidade de ter batizado um grupo de amantes do cinema, a chamada Geração Paissandu. Diante de um campo muito maior que suas ambições iniciais, o projeto, então, mudou.
- A programação será mais complexa que a da Cinematheque. Queremos promover musicais inovadores e novos textos teatrais, projeções dos novos criadores do cinema brasileiro, manhãs de música instrumental, bailes comunitários com bandas inéditas formadas por novos músicos, teatro infantil interativo com as crianças atuando também, além da volta das clássica Sessão da Meia-Noite... - enumera Pinto, produtor cultural com residência fixa em Londres, na Inglaterra, que frisa ainda ser muito cedo para definir artistas convidados, mas dá algumas pistas. - Pretendemos abrir espaço para trabalhos que estão sem espaço. Se a (Maria) Bethânia é constrangida a não ler poemas num blog, que leia no Paissandu.

Escreveu 
Lívia Brandão (livia.brandao@oglobo.com.br)
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/10/13/cine-paissandu-reabre-em-2012-com-palco-para-shows-nova-sala-de-cinema-925575475.asp#ixzz1asjD8SxX 
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